Alerta: Contém Spoilers
Boneca Russa (Russian Doll), apresenta uma trama onde uma mulher que se chamada Nádia morre subitamente no dia do seu aniversário de 36 anos. Entretanto, ela sempre retorna para sua festa de aniversário, após 24 horas dessa morte, aparecendo novamente na primeira cena da série (dentro do banheiro da festa).
Em um enredo de “looping”, já usado anteriormente em outros filmes e séries, Boneca Russa se mostra diferente pela sutileza e a forma que o “X da questão” aparece nos próximos episódios. Nádia tentar entender e racionalizar sobre o que estava acontecendo com ela e que significava aquele ciclo de “mortes” e “renascimentos”, buscando respostas fora. Na droga que ela usou na noite, na religião e etc.
Ate que que ela encontra Alan, um jovem rapaz que está passando pelo mesmo ciclo de “vidas” e “mortes” assim como ela. E é nesse encontro que se esclarece para Nádia finalmente o objetivo daquele eterno looping. Na mesma noite do seu aniversário, Alan se suicidou após terminar com sua namorada, e é o papel dela (assim como é o dele salvá-la) fazer com que Alan entenda como escapar do ciclo depressivo que o assombra.
COMO OLHAR ESSA SÉRIE A PARTIR DA PSICOLOGIA ANALÍTICA
Como seres relacionais e gregários, precisamos muitas vezes do outro para olharmos para si mesmo. A partir daqui falarei sobre a importância entre esse paralelo, que acontece a partir desse encontro com o outro, para só então começar o resgate do si mesmo.
Nádia só conseguiu enxergar que ela mesma precisava olhar para seus complexos, suas dores quando encontrou Alan vivendo algo parecido. O poder da empatia fez a integração dessas energias masculina e feminina que na série se mostra bem invertida(Nádia com a energia mais masculina e Alan com a energia feminina mais acentuada).
Nádia precisou acessar seu recurso interno de cuidar e acolher as dores e feridas de Alan, para só assim perceber que ela também precisava fazer isso por ela mesma.
A cada conselho que Nadia dava a Alan para que ele acreditasse mais em si mesmo, e não mais se submetesse a um relacionamento destrutivo emocionalmente com sua namorada, ela também percebia que os ciclos de “vida” e “morte” se repetiam por essa dificuldade de aplicar nela mesma esse recurso e olhar com amor e coragem para o seu medo de se relacionar com o outro. Nádia vivia também em uma relação sem afeto e sem troca com o seu namorado, derivada desse animus acentuado.
Jung diz que na segunda metade da vida o processo de individuação acontece, e é inevitável. Portanto é preciso na fase adulta olhar para todas as nossas sombras e traumas e assim integrar-lás a nossa história.
A genialidade da série e sua narrativa nos faz observar como nossos ciclos em “loopings” acontecem a partir dessa nossa resistência a olhar com coragem para os nossos porões emocionais que estão trancados no nosso inconsciente sendo a nossa eterna sombra, e voltando vez ou outra para nos assombrar e fazer com que continuemos morrendo, renascendo e principalmente aprendendo e evoluindo.
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